(Autoria: Fernanda)
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Quem me dera...
Ouvir a palavra por detrás do silêncio.
Mas eu nunca tive a pretensão de sonhar tanto.
Discerni a verdade muito cedo até.
Mas o fio de esperança cravado na força de vontade, me fazia imaginar um lar, doce lar.
Com árvore, lareira e neve caindo como um milagre na terra.
Senhor do alto
Quem me dera...
Saber definir exatamente o que meu coração sente, quando olha o céu.
Quando se encanta com o passar das nuvens,
Quando falo com Deus,
Quando me ponho em oração.
Quem me dera...
Fazer entender que a honestidade é um elo precioso da alma com o criador,
Que a verdade é recém nascida todos os dias e ganha sabedoria em segundos.
Quem me dera...
Tocar a mão de quem amo e desejar, não sofra mais.
E isso pudesse acontecer com a fé que eu sempre tive, mas não é assim.
O que posso é sentir.
O que posso é apertar com a verdade dos meus sentimentos, e dizer: eu desejo que o mundo seja de amor e paz.
Senhor, o que você faz quando alguém não se importa?
O que você sente quando demonstra todo o teu sentimento e o mundo não ouve?
Quando eu era menor e chegava o natal, diferente de outras crianças que pediam um brinquedo, eu ia pondo cartinhas nas árvores das ruas, e saia pedindo para a noite ter braços que nem um cobertor quentinho, e não doesse aquele frio no meu corpinho lembra?.
Quando não havia saída para a fome que fazia barulho no meu estomago, eu tocava uma viola quebrada para ganhar um cachorro quente, ou um prato de comida. Eu já sabia o valor daquele pouco-muito, e o quanto seria importante estudar para ser alguém um dia.
Quem me dera...
Aprender tudo o mais rápido possível, eu pensava...
Eu aprendi algumas coisas por certo.
Meu coração ganhou força e luz,
Nos questionamentos que eu fazia para a brisa.
Mãe, como você pôde fazer isso comigo?
Hoje é natal e eu sou alguém deixada no mundo por sua vontade.
Achei um cachorrinho, ele era um lindo filhote, nessa noite ele sentia frio como eu, éramos iguais, ele não tinha ninguém também. Ficamos amigos, um acolhendo o outro, lhe batizei de Felicidade, e fomos caminhar juntos.
Felicidade e eu éramos inseparáveis, um não saia de perto do outro.
A alegria dele era a minha.
Quem me dera...
Ter sabido da imprudência no transito, isso levou Felicidade embora.
Ele só tinha um ano, novamente as lágrimas inundaram meu rosto, fiquei abatida, encolhidinha num cantinho de calçada. Depois de alguns dias, mudei de local, não agüentava doer tanto.
Não passou de doer, só depois de muito tempo fui parando de lembrar e sofrer, coisas da vida.
Quem me dera...
O amor me conceda um desejo.
Não quero me sentir tão frágil, tão sem ânimo, tão tristonha.
Quem me dera...
Um poema com todas as cores agora.
Mas estou cinza.
É engraçado como o mundo gira e suas voltas sempre trazem algo que se foi.
Seja na presença ou na saudade.
Quem me dera...
A saudade virasse presença.